Meiguices à Antônia

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Sete lagoas, sexta-feira 14 de abril de 2017

Olá,

Tenho te observado há algum tempo, e tudo que percebo é que aos poucos você vai se distanciando dos impérios que construímos juntas. Construímos com sangue, ou você não se lembra mais? Eu me irrito. Por que não vê a vida como vejo? Por que não acha distrações nas suas distimias? Por que à procura?

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Insana

Egocêntrica!

Percebo a cafeína agindo, cognição, dopanina

Egocêntrica!

Em cada vontade perdida em cada xícara embebecida

Meu ser chove ácido, em cada canto há desertificação

Psicologia, neurologia, pra que serve essa “merda” de poesia?

Ferro, serotonina, dopanina, ainda há vida?

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Amar

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O amor pode machucar
O amor pode machucar às vezes
Mas o amor é tudo que eu conheço
photograph- Ed sheeran
Como uma frase pode se encaixar tanto em uma fase, sim amar pode ferir, mas e se o amor te fere sem você se quer amar? Ou simplesmente sem você saber o que é o amor, talvez o amor em si não seja o arqueiro da condição mas a condição de ele não existir em sua vida. Amar, amar, amar sozinha é a única coisa que eu conheço, amar sem saber sequer a Continuar lendo

Insólitos de Barbara

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“O barulho insistente chamou-a à realidade. Estava absorta, pensando no tempo em que não precisava pensar.” Luiz Puntel.
Talvez esse seja o seu traço Barbara, talvez a solidão seja a sua felicidade, talvez dedicar-se a ficções criar e planejar coisas inexistentes seja a sua plenitude, solidão talvez seja tu a estigma sombria que me faz ser plena de alguma forma. A magnitude pula em ondas desencadeando cada personagem, cada sentimento existente ou não, cada cena, cada cor, cada olhar, Barbara eu vejo o seu olhar vestido em sombras da ficção, eu vejo seus trejeitos calçando as palavras dos diálogos, eu vejo o amor escrito mas não o vejo nos seus olhos. Continuar lendo

Entre nêutrons, prótons e elétrons

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(…)”Preferia a solidão; sabia que ela tinha o seu preço, mas rejeitou as propostas honestas e se fechou dentro do seu universo de recordações…”
Luiz Puntel.

Entre quatro paredes do núcleo nêutrons e prótons vivem juntos mantidos por uma força de atração elevada. Posso imaginar a cumplicidade que vivem e de mãozinhas dadas viverão para sempre… Qual é a parte que você não entendeu? Acho que como estudioso de química você deveria se lembrar disso ainda estamos na introdução como pretende chegar ao final? Mas quer saber? você sabe disso. Dentro do átomo há uma baguncinha bem organizada, o núcleo atraí a eletrosfera, Como atraí se é uma carga oposta? Na negatividade os elétrons são atraídos pela positividade dos prótons. Sim, há uma explicação para isso, mas explicações a parte… Continuar lendo

O último império

 

 

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Ela estava deitada no sofá quando percebeu que seu império desmoronava lá fora, abriu a janela de vidro translúcido da sala, já era noite havia cruzinhas brilhantes que anunciavam isso, viu pela janela quando o grande impacto tomava o seu céu amarelado, havia modéstias de engano misturadas a dor dissimulada, há algum tempo a lua lhe deu um pedaço de si e esse pedaço a fez sonhar de alguma forma, os fragmentos a alimentavam dia após dia como sonda, e quando já sonhara o bastante para perceber que estava sendo ludibriada então lhe arrancou os pedacinhos que ainda lhe restavam nas mãos. Continuar lendo

Cartas ”esquecidas”

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Cartas jogadas sobre o chão da sala, cartas memorizadas em cada rabisco de palavras erradas, cartas lembradas e agora esquecidas, ela abriu a porta da sala e rodeou a casa , como se pensasse em fazer mais alguma coisa, não encontrou o que queria voltou e sentou-se novamente no chão e as leu novamente, as leu pela última vez, ela sabia que aquele era o último momento que as veria, elas não mais a pertenceria, pertenceriam a terra ou qualquer outra pessoa que as encontrasse, pensou em queima-las, queima-las não, queria que fossem gravadas na memória de alguém como ficaram na sua memória um dia, queima-las seria como aniquila-las de seu poder sensibilistico e isso não era a sua vontade. Enterra-las, sim, enterra-las na porta da sala, elas se degenerariam com os meses e se transformariam em pó, lembrou-se do que o professor falara um dia, que petróleo são restos decompostos de florestas e animais da antiguidade, para ela suas cartas eram parte de uma floresta, os papéis foram um dia árvores derrubadas e cortadas, transformadas em páginas vazias, sim suas cartas se transformariam em petróleo, alguém as usaria um dia sem saber de sua importância sem notar que o líquido homogêneo um dia fora uma carta branca cheio de vazios de alma. Mesmo que não fosse verdade isso a fazia feliz, acreditar que suas cartas um dia teriam um preço que hoje não tinham. Pensou novamente e chegou a sua teoria, Petróleo? para quê transforma-las em algo valioso que poderia ser usado para fazer mal a alguém? Não, ela não queria que suas cartas fossem lembradas como parte de algo ruim queria transforma-las em delicadeza de espírito… Não as enterraria para que virassem pó, as enterraria para que virasse lembrança e história. Foi até o quarto e trouxe uma caixinha de plástico retangular, sim, as colocaria e as enterraria como se fosse um tesouro perdido que seria encontrado um dia, as dobrou vagarosamente e junto com elas colocou um pingente, seu único pingente de ouro, não exatamente ouro mas banhado a ouro, escreveu a última anotação em uma folha branca e colocou por cima do entulho das cartas.

Vazios de uma alma esquecida”

Imaginou uma criança brincando no terreiro e encontrando aquela preciosidade secreta, leria vazios de uma alma e não entenderia nada, chamaria a mãe na cozinha e contaria sobre o seu tesouro encontrado, a mãe leria as cartas e as guardaria como lembranças encontradas de uma alma vazia e esquecida, apenas isso e elas passariam de geração em geração naquela família…

Imaginou outra hipótese, uma adolescente de aproximadamente 17 anos rodeava a casa como ela fizera naquela tarde, seus olhos estavam vermelhos, seus cabelos negros bagunçados, estava descalço, pegou alguma coisa escondida na área, uma faca, ela segurava a faca e voltava em direção a porta da sala, sentou-se debaixo da arvorezinha que enfeitava o terreiro e chorava incontrolavelmente, deitou a cabeça sobre os joelhos e brincava de passar a faca sobre seu pés, levantou os olhos passou com força o lado contrario da faca sobre os pulsos, e a lançou sobre a terra úmida, percebeu que perfurava algo de baixo da terra, houve dor dentro si ao imaginar que poderia estar perfurando o casco de um inocente tatu que dormia de baixo da terra fresca, tirou a faca, e teve imensa curiosidade em descobrir o que havia estragado seus possíveis últimos momentos de vida, começou a desenterrar e revirar a terra, suas mãos frágeis e sujas alegraram-se ao encontrar uma caixa de plástico, ressecada e desbotada, havia uma perfuração na tampa e ao abrir deparou-se com papéis dobrados, por cima escrito a seguinte frase: “Vazios de uma alma esquecida” abriu um sorriso ao ler a frase em pensamento, pois era justamente o que sentia, vazio, vazio na alma, sentia-se como uma alma esquecida e aniquilada, mais que rapidamente descobriu-se todas elas e pôs-se a lê-las, percebeu que a autora das cartas contava seus vazios de alma descrevia derrotas e vitórias, as vezes chorava com as palavras as vezes sorria com elas, tampou o buraco que ficara na terra, e esqueceu-se a faca jogada debaixo da árvore foi até seu quarto e terminou de lê-las com maravilhosa paciência, a autora na época com 22 anos chorava na carta seguinte e sentia-se como alma vazia e fragilizada, abandonada sobre o teto do mundo, escrevia a alguém que não conhecia contava sua vida como se tivesse certeza que alguém com as mesmas dores as encontraria um dia, levantou-se da cama e as guardou novamente do jeito que as havia encontrado, ao pô-las percebeu alguma coisa no fundo da caixa, era um pingente, pequeno e brilhante uma tartaruguinha com olhinhos de vidro que a olhava como se tivesse vivenciando aquele momento, ela sorriu ao coloca-la no fundo novamente, olhando para a perfuração da caixa pensou em reconstruí-la, mas desistiu ao pensar que sempre se lembraria daquele momento, abriu a última gaveta da cômoda e a guardou. voltou para a sala e lembrou-se da faca jogada no terreiro foi à pia a lavou e a guardou na gaveta da cozinha, olhando para as unhas sujas de terra olhou no espelho e prendeu o cabelo num coque, pegou a toalha e foi para o banheiro, em seguida viu na mesa da sala um livro, Tempos de neve, esse era o título, deitou-se no sofá e pôs -se a lê-lo durante toda a tarde, esperando o retorno da mãe….

Ela gostou da segunda hipótese, e com um sorriso meigo no rosto enterrou a caixa, sentada na porta da sala admirou ao notar que alegrava-se ao ver o sol se pôr, e mais uma vez sorriu, fechando a porta da sala.