Ponderando

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Tenho observado a vida há algum tempo, bem, desde de sábado. tudo começou com um chá de morango, chá de morango, eu nunca havia tomado e sequer ouvido falar, aguardava ansiosamente para chegar em casa e prepara-lo, Mate, Morango, embalagem vermelha, e com pacotinhos internos bem embaladinhos, Lindos! Se colorir é artificial se não colorir é natural, pensava comigo mesma enquanto adicionava água fervente à minha xicarazinha reluzente, decepção, apenas isso, meu chazinho não só coloriu com um tom bastante rubro rosado como também exalou um cheirinho de suco de pacotinho Fresh, até os chazinhos são manipulados: pensei frustrada. saudade do meu chá preto ou até mesmo mate, saudade do chá de erva cidreira que perfumava o terreiro de vovó, saudade do chá de hortelã fresco que papai plantava na horta, saudade do chá daquela florzinha cor do pôr do sol que até hoje não aprendi o nome. Ontem a nostalgia brandou impaciente no meu ser enquanto ouvia “Casinha branca” regravada por Roberta Campos e por um momento pensei que o meu coração seria deslocado do meu mediastino, a dor dissimulava a nostalgia e ambos andavam juntas naquele momento fazendo o meu ser corroer em todos os sentidos, agora chove, hoje chove, fazendo o meu ser novamente banhar-se em emoções confortáveis ou pelo menos por enquanto.

Ainda no sábado fui surpreendida com um vídeo na minha timeline. Uma mulher na China atropelada enquanto cruzava a faixa de pedestres, pessoas e carros passavam, o semáforo abria e fechava, algumas pessoas olhavam outras nem sequer faziam isso, em um momento ela levantou a cabeça mas suas pernas não se movimentavam, e ela novamente colocou a cabeça sobre o asfalto, um outro carro a atropelou mas dessa vez sua cabeça não se mexia, o vídeo não era de uma esplêndida qualidade mas ainda assim pude perceber o sangue naquele momento esguichar-se em algum canto ali, ela permaneceu jogada até o final do vídeo, morta. É certo que nós cidadãos Brasileiros não somos lá de Sapiens bom exemplo, mas uma única coisa posso me orgulhar pelo menos por enquanto, somos mais calorosos, e nem que seja pelo menos por curiosidade se alguém for atropelado a nossa frente certamente ajudaremos, por favor se alguém me lê nesse momento concorde com minha conjugação “ajudaremos” talvez eu seja utópica demais mas confesso que ainda mantenho uma pouca fé na humanidade, pelo menos em nós, não somos a primeira Potência mundial, nem a segunda, e nem a terceira, mas Brasil me ajude a conjugar esse verbo: ajudar. O desfecho desse rascunho certamente não será para fins reflexivos nunca fui boa com isso, quero apenas observar nesse instante, observar o que há dentro de mim. Ainda falando sobre o caso acima, domingo enquanto ia para o trabalho, da janela da lotação pude ver um rapaz que caminhava sobre a calçada voltar atrás e ajudar um senhor que quase caía de bêbado pelo chão que impaciente escorava sobre as paredes das lojas, mas a questão é: alguém estendeu-lhe a mão e isso é tudo e como esperei alguém me ajudou a conjugar o verbo.

Observação 2: Não sei se você percebeu mas hoje é dia dos namorados, e hoje foi o dia que o universo resolveu me presentear com flores, quer dizer observa-las enquanto resplandeciam sua beleza em mãos alheias nunca vi tantas mulheres com rosas como vi hoje, até o universo zomba da minha situação de solteira rsrs. Hoje um garotinho de uns 4 anos aproximadamente esqueceu uma flor em meu caixa, eu já a havia guardado e tinha planos mirabolantes em minha cabeça eu a levaria para casa, como fiz na semana anterior com uma borboleta seca que encontrei no chão do supermercado, ela será eternamente minha mesmo tendo sido dissecada pela minha bolsa, o insetinho ainda poderia servir de adubo para fotossíntese (meu cacto) não, seu destino não seria para ele, ela ficará na página 183 de Persuasão que encomendarei na estante virtual. Como dito anteriormente o molequinho voltou e arrancou a flor de mim.

Ainda chove, e ainda lembro da poesia de Ana Cristina César… E me acho incomum nesse momento.

E isso é tudo.