É parceiro, estamos aí com os mesmos olhares de sempre, eu e você, parados diante da imensidão de pensamentos atordoados e confusos, estou aqui te olhando há dois metros de distância enquanto você repõe minuciosamente esse sabão em pó brilhante de 2k e 700 gramas, quanto cuidado para montar esse quebra cabeça, nem precisava disso tudo,já está tudo bem organizado e encaixado no seu devido lugar, você olha para mim como sempre, e como sempre também te entrego o mesmo sorriso padrão, você se afasta para o fundo do corredor. Senhor D. até quando olharemos um para o outro na mesma condição? Até quando se desfará diante de nós o prazer de conquistar as mesmas expectativas? Até quando esses sorrisos findarão, e os olhares não se repetirão ao ponto de se tornarem automatismos? Me permito viajar te olhando repor aquele corredor cheio de soluções saturadas e insaturadas.
O dia passado foi quebrado pela esperança excessiva de um abalo miocárdico, e em vez disso o resultado foi essas treze linhas até agora, quando deixarei de me iludir e decepcionar com a realidade? Quando deixarei de ser causa de suspiros indesejados? Quando haverá reciprocidade nesse terreno abandonado pela timia? Senhor D sinto que há qualquer momento não haverá mais dentro de mim as mesmas esperanças que enche esse peito preso de fantasias excedentes.
Continuar lendo →